17 fevereiro, 2006

Avós Metralha

Ok... este agrupamento já não é novo... aliás, já não é novo nem na idade nem nas luzes da ribalta. São velhos, um já está morto e os outros dois provavelmente verão qualquer coisa superior a 2 anos de cadeia como uma pena de prisão perpétua. Hoje, enquanto andava a passear pelas noticias, vi esta noticia do último assalto: uma pastelaria. E daí? Já que eles não usam balas, ao menos que façam bom proveito dos bolinhos.

Esta nossa situação, de termos não só problemas com adolescentes, mas também temos os nossos cidadãos mais idosos a fazerem proezas que julgávamos exclusivas d'”O Santo” ou da “Missão Impossível”! Eles são quadros eléctricos arrombados, eles são prédio escalados, eles são assaltos completos sem uma única pistola! Eles são tudo, tudo, menos um bom sinal. Na verdade não posso censurar estes avozinhos quando dizem que preferem uma vida de crime a ficar em casa, e não estou a falar do lugar comum do “parar é morrer” (a esta hora bem que me apetecia parar, que já estou morto de sono, mas enfim...). Do que estou a falar é do estranho estado das coisas, em que um cidadão que sempre pagou impostos, sempre agiu de acordo com a lei, sempre levou uma vida honesta vê-se muitas vezes, demasiadas vezes, na figura de filho bastardo de um estado pai dos reclusos. Segundo parece, está-se muitas vezes melhor lá dentro do que cá fora. Lá dentro não há as aflições do dia-a-dia cá fora. Há outras, é certo, mas a ideia geral continua certa: quem está cá fora olha para os que estão lá dentro, como um agricultor algarvio para os ingleses de um hotel de luxo, e quem se habituou a estar lá dentro, prefere andar lá dentro que sobreviver cá fora. Talvez isto seja o mais directo resultado das nossas políticas de “nivelar por baixo”, de garantir que todos sejamos iguais ao que estão no fundo da lista, quando se fala de qualidade de vida. E não se trata isto de um problema de ideologias, pois aquelas férteis cabeças, bem adubadas, que pairam na vida politica deste país, tanto praticam isto com base em princípios de direita como de esquerda. É uma questão de prática, mas também é uma questão de vigilância, de não ceder a discursos carregados de ideais mas cuja tradução prática será, invariavelmente, catastrófica para o país.

Continuem então os nossos dignos representantes com a sua prática de nivelamento e não tardará estaremos a ser chamados de little brazil: com as nossas telenovelas, e português mal escrito, e português mal falado, e um orgulho sem fundamento numa nação arrasada, e os seus problemas de crimes na adolescência, e os seus problemas de crimes na meia idade, e a nossa última grande contribuição para a humanidade: os crimes da terceira idade!

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