24 agosto, 2006

Um pouco maior...

Desde a antiguidade, temos considerado como planetas, todos os astros visíveis que se moviam no céu contra um fundo fixo de estrelas. No entanto, as contas que se faziam na época acusavam a existência de um planeta X entre Marte e Júpiter, o que causou uma monumental caça ao planeta. O resultado dessa caçada foi não um, mas muitos pequenos “planetas” que orbitavam entre Marte e Júpiter, muitos deles com formas tão irregulares que não eram dignos de receber o título que hoje se discute.

Quem ler hoje aqueles links dos jornais digitais sobre ciência... sim, estimado leitor, esses mesmos artigos em que em que jornalistas tentam dizer umas bagatelas sobre ciência e tecnologia... estava eu a dizer... quem ler esses artigos poderá ler que a artir de hoje (ou de amanhã) o sistema solar passará a contar com 12 planetas, aumentando assim em 3, a lista de planetas que consta dos nossos manuais escolares e que temos vindo a repetir desde mil novecentos e trinta e tal, quando Plutão foi descoberto.

Aliás, é precisamente por Plutão existir que vamos ver o nosso sistema solar, por assim dizer... “aumentado”. Aquando da descoberta da sua lua Caronte, Plutão o estatuto de plutão no seio do sistema planetário tem vindo a ser questionado. Mais recentemente passou a estar bem caracterizado o ainda asteróide Ceres e verificou-se que só não tem sido considerado como planeta porque está misturado com uma quantidade tamanha de asteróides à volta que tem sido verdadeiramente difícil estudá-lo. Na verdade, confesso que não sei se Ceres não foi o primeiro asteróide a ser descoberto e apontado como sendo o planeta X de que falei há pouco.

Em 2003 foi descoberto um outro corpo celeste, mais distante que Plutão, mas um pouco maior que este último... o bicho por enquanto ainda só tem o código 2003 UB313, mas é provável que venha a responder pelo nome Xena. Agora, se Plutão, que é mais pequeno, é um planeta, porque não podemos considerar Xena como sendo o décimo calhau a contar do Sol? A pergunta não é tão infundada quanto isso e começou a ser formulada de uma forma diferente: na verdade o que queremos é uma definição equivoca sobre o termo «planeta».

Confesso que fiquei muito contente por saber que a comissão encarregada de actualizar a definição de planeta não contava apenas com astrónomos, mas também com pessoas cuja formação na área da história poderia ajudar a compreender melhor a evolução do conceito. É que, ao contrário do que tem vindo a ser anunciado, por exemplo, aqui, isto está longe de ser uma descoberta cientifica, já que se a nossa língua tivesse evoluído de outra forma, estaríamos a chamar Mercúrio, Vénus, Terra, Marte de gúgús-dádás, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno de avestruzes e todo o resto caganitas de cabra.

O importante nos resultados desta comissão de nomenclatura é o passo de abstracção do conceito de planeta, algo que nos põe em sintonia com o natural processo de evolução que a nossa espécie tem sofrido desde o início ( e de forma absolutamente espectacular nos últimos séculos). Estamos a presenciar, em fastforward ao mesmo processo de abstracção que fez com que liberdade passasse do poder andar, para o poder pensar, para o poder pensar e agir.

Afinal o sistema solar não está maior... quem cresceu fomos nós...

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