19 junho, 2006

Fedora Core 5

É inegável o facto dos meus blogs terem ficado os últimos tempos sem grande participação, algo que se reflectiu nas já de si magras audiências que estes meus espaços têm. Tudo isto deveu-se à reestruturação total do meu sistema no passado mês de Maio. Ora, depois de fazer os backups dos textos que publiquei nos sete blogs em que já fui autor, cheguei à trivial conclusão que isto de manter tantos blogs não é tarefa para qualquer um.... aliás, diria mesmo que esta coisa que andar com sete blogs não é de todo possível, nem para quem tenha todo o tempo dedicado à causa.

Por isso, decidi que, a partir destas semanas de fim de Primavera, irei passar a escrever apenas nestes dois blogs, com as respectivas competências: o Palavra de Domingo irá ser mantido na íntegra: tanto no seu formato como na sua vocação própria como espaço para reflexão sobre temas baseados na religião (isso inclui a ética, uma parte da filosofia, da literatura, etc...); já este blog, Em Português Suave, passará a ser o sumidouro de toda a produção literária que me apeteça partilhar, juntando assim a secção de ciência e novas tecnologias do Cibéria, o “diário” de viagens do Evasões em Portugal, e a já característica critica social, e crónicas da vida portuguesa (ou deverei dizer, portuguesinha?) que tenho vindo a fazer neste blog. No meio disto tudo, só espero que este blog não se transforme numa salsalhada onde ninguém se entenda... Por outro lado, imagino que será interessante a um qualquer leitor regular (se é que alguém consegue manter-se regular durante dois messes em que nada muda!!!) esta coisa de nunca saber qual o tema que irei falar... não sei, é só uma ideia, não se zangue ninguém com isto.

Mas dizia eu mais acima que a cadência de publicação aqui foi interrompida por uma reestruturação total no meu sistema, e o resultado dessa reestruturação foi ter passado do louvável, mas ainda assim fraquito Linux Caixa Mágica, para o potente e conhecido Fedora Core 5. Confesso que esta não é a minha primeira experiência com o Fedora: o meu portátil usa o Linux Fedora Core 3 praticamente desde o dia em que o comprei em segunda mão a uma amiga minha. Tinha as malas aviadas para Aveiro nessa altura, e precisava de um computador para entreter as horas, e garantir que não iria ficar a entorpecer o cérebro como a maioria dos nativos com que me cruzei naquela cidade.

No entanto, esta nove versão do Fedora é muito mais surpreendente que a anterior: em primeiro lugar, nota-se que está mais bonita, e que o GNOME, embora seja menos parecido com a interface do M$ Window$, continua a ser, na minha opinião a melhor e mais robusta interface para sistemas Unix/Linux. Em geral, é bonita, rápida, não perde muitos recursos do sistema com animações e efeitos supérfluos, e tem a vantagem adicional de poder ser rearranjada da forma que mais nos parecer conveniente. Para além do GNOME, o Fedora vem também com o KDE (o qual não usei, e também não me pareceu grande coisa... mas eu não gosto de KDE) e tem disponível fora dos CD's o XFCE, com o qual só tive uma breve experiência nos tempos em que testei o Fedora Core 3, e do qual não guardo nenhuma recordação que valha a pena partilhar.

A primeira coisa negativa prende-se com o facto de os cinco CD's necessário para a instalação não serem suficientes, e não evitarem o tráfego internacional quando pretendemos actualizar o sistema, ou instalar software adicional. Mas isso é natural, se considerarmos que somos talvez o único país do mundo que faz distinção entre o que é nacional, e o que não o é. Um outro ponto negativo prende-se com o facto de não querer montar por defeito as partições em VFAT, tal como a minha partição de partilha entre o Linux e o Window$... já nem pedia que me montasem as partições NTFS... mas as VFAT, não custava nada! Notei também que no repositório ainda não havia uma versão dedicada do scilab, mas a versão binária que é disponibilizada no sítio do scilab.org funciona sem defeitos no fedora, e a instalação é bastante fácil, depois de acertarmos com uma directoria apropriada para instalar o programa.

No lado positivo, tenho a dizer que nunca pensei haver uma distribuição tão eficaz. Não tive nenhum problema a configurar a rede, nem a partilha de ficheiros, nem a impressora ou o subsistema áudio, mas até aqui, tudo é normal. O que me surpreendeu foi ter o scanner a funcionar mal o liguei à corrente (o que me poupou os cerca de 5GB de drivers e software HP que o bicho precisa para funcionar em window$). Surpreendeu também o facto de ter colocado a volito (uma caneta para desenho) a funcionar perfeitamente no GIMP, pese embora ter depois formatado o sistema e agora estar com problemas em voltar a configura-la. De resto, o Apache funcionou bem à segunda tentativa (porque andei a brincar com o nome do servidor), o suporte para java fornecido pela equipa do fedora funciona muito bem, e existem duas belas páginas de apio para colocar a funcionar tudo aquilo que, por causa das leis dos estados unidos, não vem de origem com o fedora (leitura de mp3, de DVDs, etc). Essas páginas encontram-se aqui e aqui. Se gostarem de trabalhar com um sistema dedicado à pridução musical, existe o projecto CCRMA, que produz software para Fedora /Redhat vocacionado para o trabalho com audio e video.

Para quem passou os últimos dois anos a trabalhar com o Linux caixa mágica, apenas por causa de um modem usb que teimava em não funcionar com as demais distribuições, eu diria que o investimento num modem ethernet revelou-se um matador de dores de cabeça. O facto de as drives de CD's só estarem montadas quando está um CD lá dentro pode, ao utilizador inexperiente, causa alguma frustração, já que causa erros na abertura dos programas de leitura de CD de áudio, mas uma pequena mudança de hábitos parece ser suficiente para garantir que tudo corre bem.

A minha avaliação final (na tradicional escala de zero a vinte) fica-se pelos 18 valores... uma nota excelente, mas espero coisas ainda melhores da equipa do fedora quando sair a sexta edição de uma das mais conhecidas e respeitadas distribuições dos GNU/Linux.