07 fevereiro, 2006

Vergonha

Nas ultimas semanas têm vindo a público noticias preocupantes do mundo da cibernética. Depois da Yahoo, a Google e a Microsoft decidiram Optar pela expansão das suas cotas no mercado da internet chinesa às custas da primeira forma explícita de censura em locais vitais para a internet.

Ok. A frase acima poderá ser um pouco radical, se considerarmos a infoexclusão como uma forma de censura e que outros países possuem formas de filtrar os conteúdos virtuais a que os seus cidadãos têm acesso. Por isso a atitude destas três empresas que vergaram o conteúdo dos seus portais e motores de busca aos caprichos da censura chinesa acabou por não ter sobre o mundo democrático um impacto à medida de tamanha atrocidade.

Embora ainda não tenha conhecimento sobre o funcionamento da censura no Yahoo, a Google passou a disponibilizar na china uma versão modificada do seu motor de busca, onde é impossível pesquisar coisas como “direitos humanos”, “independência do Tibete” ou simplesmente “liberdade”. Quanto à Microsoft, Os seus MSN spaces foram inicialmente censurados de forma a não publicarem conteúdo que ferisse as susceptibilidades do censor oriental. Assim, blogs no MSN Spaces que contenham expressões sensíveis foram alvo de censura internacional. No entanto, ao fim de poucos meses, alguns desses blogs foram reabertos, mas apenas ao público que a eles aceder fora da china.

Toda esta situação faz-me lembrar da superpotência da Lestásia, referida por George Orwell no livro “1984”. Todos os chineses vêm um mundo filtrado pelos olhos atentos dos seus grandes irmãos. E, pior do que isso, a censura agora começa a afectar todo o ciberespaço, já que não tardará muito até que as autoridades chinesas passem a desejar a eliminação de todo e qualquer site no ciberespaço que possa colocar em causa as certezas de regime tão desumano. Por isso acho estranho tanto acanhamento por parte da mesma sociedade ocidental que defende com unhas e dentes até os insultos que o uso ético da liberdade de imprensa deveria saber evitar.

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