28 fevereiro, 2006

S. José (I)

Ontem à noite fui para a cama com a sensação que escrevi muito sem dizer nada... Acho que toda a gente na blogosfera achou chocante o crime e não hesitou em pedir a imputação do crime aos seus autores... aliás, confessos autores, por isso o assunto não tem suscitado tanta polémica quanto outros assuntos recentes. Uma vez que partilho da mesma opinião que os demais blogistas, não contem comigo para gerar polémicas (embora seja essa a vacação deste blog).

No entanto, este crime surgiu na nossa sociedade com a potência de um dinamite capaz de voltar a abrir veios de conversa sobre muitos problemas que a nossa sociedade tem vindo a fingir não ter. Ora, um dos problemas mais interessantes foi levantado pelo Professor Vital Moreira no Causa Nossa. Termina Vital Moreira o seu comentário a este assunto com a seguinte questão: «Há duas perguntas que ficam no ar: a leniência dos média seria a mesma, se a vítima não fosse um travesti? e também seria a mesma, se os autores não estivessem a cargo de uma instituição da igreja católica?» Confesso que li um artigo a pôr em cauda as ideias do professor, mas como ontem estava cansado, e com sono, e sem vontade nenhuma para me meter numa cruzada contra a Igreja Católica e as suas instituições de manipulação de consciências... ups, perdão, instituições privadas de solidariedade social... bem, por todos esses motivos acabei por não gravar o endereço do tal comentário, nem retive o nome do autor.

Vamos então desmontar a eventual culpa que a instituição das oficinas de S. José terão neste processo. Ora, em primeiro lugar, gostaria de imaginar a cara do Bispo do Porto quando, ao fim de uns quantos dias a tentar telefonar para a instituição sem ser atendido, viu na TVI u padre falar do caso. Aliás, citando o próprio «É preciso compreender esses rapazes, acautelar o que vai ser feito deles. Estas coisas não acontecem por acaso. Ainda outro dia um dos alunos aqui das oficinas se queixou de ser assediado por um pedófilo sempre que sai à rua. Com este escândalo todo da pedofilia... nunca se sabe que razões de queixa teriam..» A citação é feita a partir do blog Da Literatura e reparem quando o padre fala, no aluno “aqui das oficinas”. Afinal, parece que a instituição não estaria tão incontactável quanto isso... só ao bispo é que ninguém liga cavaco. E mesmo que esta atitude venha a causar algum tipo de maleita no corpo de cristo, pelo menos ilibará a hierarquia da Igreja de uma boa parte da incompetência de que a instituição tem sido acusada.

Resta-nos então a instituição singular como alvo das nossas considerações, já que ela própria parece não responder perante o seu superior hierárquico. Apesar de ter tentado obter alguma informação sobre as ditas, a verdade é que a quantidade de vezes que elas têm sido referidas em publicações on-line toldou qualquer tentativa de colocar um motor de busca à procura de uma pagina web da dita cuja instituição. Acredito que, como todas as instituições do género, os seus princípios se baseiem na ajuda aos mais necessitados. Porém, ao ouvir que o pai de um dos criminosos também foi aluno das mesmas oficinas e hoje é um pedreiro desempregado, praticamente analfabeto e que na semana anterior havia sido réu por actos de violência doméstica (acredito que problemas de álcool também possam fazer parte da vida desse homem) não posso deixar de pensar que, à imagem das melhores práticas deste país de príncipes fidelíssimos, aquela instituição tenha seguido a politica de dar peixe em vez de ensinar a pescar.

Retomo, por isso, a ideia da Helena Araújo e pergunto se de facto não seria melhor para as crianças de risco serem adoptadas por casais homossexuais (por muito ofensivos que eles sejam à moral e aos bons costumas do povo) em vez de serem deixadas em armazéns onde potenciais seres humanos se transformam em potenciais criminosos. Mas é claro, que na mentalidade de D. Maria e do tio Manel lá de Ovar o melhor será sempre deixar os miúdos à guarda do Padre Cura, que os há de educar para serem homens de verdade... como mostram os resultados recentes...

27 fevereiro, 2006

Sem título

Na quinta-feira, por esta hora, ouvi, em plena autoestrada 1, que um grupo de 12 adolescentes do Porto tinham apedrejado até à morte um travesti. Mais tarde, enquanto deglutia uma sandes na estação de serviço de Santarém, pude ver a reportagem que a SIC Noticias passou à hora do almoço. Ao repúdio que qualquer crime de sangue pode causar, juntou-se então o alarme de vísceras de ter um crime à minha porta. Ontem não vi um único telejornal. Não tive oportunidade de passar por uma qualquer banca de jornais para ver os títulos, mas acredito que este tenha sido o caso do dia, com direito a entrevistas e comentários de médicos, psicólogos e políticos. Acredito que o estimado leitor a estas horas também esteja a pensar que depois de umas quantas semanas à volta da crise das caricaturas, já estava na hora d mudar um pouco as preocupações: a eminência de uma guerra em larga escala já não são tão preocupantes agora que discutimos sobre elas durante dias a fio, gastando litros de tinta e gigabytes de largura de banda. A verdade é que a crise das caricaturas já causa pouco impacto.

Quando cheguei a casa ainda tive tempo de procurar a reacção da comunidade blogueira a este assunto e as pesquisas no technoratti não me deram mais que uma mão cheia de artigos interessantes... infelizmente, a maior parte deles limita-se a contar o sucedido, por vezes com a citação quase completa da noticia do jornal. Não os posso censurar: para tal crime, num primeiro momento as alternativas que afloram até na mais sensata das mentes será o silêncio ou a exigência de sangue... fico contente pelos escritores de blogs, como Eduardo Pitta, terem inteligentemente criticado o acontecimento com a simples apresentação, crua e dura, dos factos. Eu, por meu lado, já ando a alguns dias à volta deste post e ainda não lhe consigo dar um título.

Comecemos por falar que o blog que melhor descreve o que se passou, e melhor compila toda a informação que existiu é espanhol (e meu desconhecido) e chama-se “Estaba el Señor Don Gato...”. A noticia é de sábado, e tal como uma reportagem que passou no Brasil na segunda-feira, mostram bem que o país não é apenas noticia com feiras internacionais ou campeonatos de futebol. Mas voltemos ao post do blog de noestros hermanos, onde vi pela primeira vez a reportagem (permita-me a expressão, nojenta) sobre os pais de dois dos criminosos. Aparece lá não só as suas frases, a sua falta de conhecimento em relação à realidade, o seu alheamento às regras da sociedade, e até a fotografia da forma grotesca da mãe de um desses criminosos. Como sobre os pais destes criminosos rei falar mais adiante, não me prenderei muito com o que eles disseram quando se viram pela primeira vez com jornalistas à frente.

Hoje só vou falar do assassínio em si. De um assassínio por apedrejamento semelhante à execução de uma mãe nigeriana há uns anos atrás. Aliás, estamos a falar de uma das mais antigas formas de aplicar a pena de morte. Curioso, não é? Temos por cá tanta gente a queixar-se das atrocidades que outros regimes fazem sobre outras pessoas, e esquecemo-nos tão facilmente que aqui neste rectângulo de terra só mesmo o estado é que tenta não praticar essas atrocidades...

Acho que era só isto que eu queria dizer quanto ao assassinato... estou cansado de uma semana e fim de semana de cão... amanhã volto com o resto...

22 fevereiro, 2006

Ainda o Islão

Demorei um pouco até voltar a querer escrever sobre este tema. Desta vez decidi passar do comentário ao único episódio de relevo que toda esta polémica teve em Portugal (ou na Espanha Ocidental, se não nos demarcarmos rapidamente de certas atitudes prepotentes do resto da Europa tanto a nível interno como externo). Tomei algum tempo para ler o que se tem dito aqui na blogosfera nacional acerca das caricaturas em si. Gostava de poder resumir esta questão a um único artigo (na verdade não me apetecia nada isso... estou a adorar o debate que tem aparecido e tenho aprendido bastante com isso), por isso é natural que este artigo vá tendo sequelas de tempos a tempos.

N' “O Canhoto”, no artigo tem a data de 31 de Janeiro, existe uma discussão muito interessante sobre o título “Somos todos dinamarqueses”. Neste artigo, Rui Pena Pires refere “é importante esclarecer que não deve ser aceite o argumento do “insulto à religião” (neste caso islâmica). Só faz sentido falar em insulto quando dirigido a indivíduos concretos, não a ideias. Além do que insulto não é o mesmo que ridicularizarão de uma ideia de outrem, mesmo que esse outrem sacralize essa ideia”. Ora, tal como o Rui Pires, também eu sou da opinião que se devem respeitar pessoas e não ideias, e estou certo que se não fosse essa posição é o garante da evolução das ideias e, em última análise, da civilização. No entanto, quanto mais eu leio sobre esta crise, mais me vou convencendo que o problema está em saber, quando se fala de religião, onde acaba a pessoa e começa a ideia.

Em primeiro lugar, não considero o individuo como sendo apenas um corpo humano. Creio que este ponto será bastante consensual, pelo que não me deterei muito nele. Acho que o insulto ou ridicularização de um individuo devido às suas características físicas serão vistas por todas como de mau gosto, quando não xenófobas ou racistas. Temos como exemplo disso o olhar reprovador com que as sociedades pluralistas colocam quando alguém publicamente chama preto a um individuo de raça negra, ou menciona a “bicanca” dos semitas.

Um individuo num estado não vegetativo não se irá limitar a respirar, comer, beber, movimentar-se e não pensar; sendo então no campo das ideias que podemos dividir dois territórios diferentes: por um lado temos as ideias de ordem prática, politica ou circunstancial, os padrões de estética, o gosto por determinado desporto, hobbie ou indivíduo. São tipos de ideias nas quais todos nós já experimentamos mudança. Todos nós lembramos aquele ídolo da adolescência que hoje somos incapazes de olhar sem que nos dê a volta ao estômago, todos nós mudamos e nenhum de nós será capaz de tomar como ofensa uma critica, jocosa ou severa, a essas ideias.

No outro lado do campo das ideias, podemos ter o que consideramos “princípios do ser”, isto é, todo um conjunto de ideias, às quais estamos ligados de tal forma que as usamos para nos caracterizar, nos identificarmos com determinado grupo sócio-cultural, e nos distinguirmos da massa humana à volta. Dentro deste tipo de ideias, incluo, sem dúvidas, a religião, enquanto elemento de identificação com a comunidade envolvente. Neste aspecto, acho que é perfeitamente legitimo ponderar até que ponto a publicação das caricaturas não ofendeu cada um dos muçulmanos deste mundo.

Talvez aqui no mundo ocidental tenhamos vindo a substituir o conteúdo desse campo das ideias que nos caracterizam. Talvez tenhamos substituído a religião pelo nosso grupo social ou simplesmente estejamos em vias de extinguir esse grupo de ideias. Aliás, a prova da desertificação em ideias que nos caracterizam reside no facto de ter andada a ser agitada a liberdade de expressão como bandeira do ocidente e eu – e, como eu, muitos – não considerarmos que essa bandeira possa ter força suficiente para congregar todo o mundo ocidental... e ainda assim permaneço tão ocidental, pluralista e português como os demais...

17 fevereiro, 2006

Avós Metralha

Ok... este agrupamento já não é novo... aliás, já não é novo nem na idade nem nas luzes da ribalta. São velhos, um já está morto e os outros dois provavelmente verão qualquer coisa superior a 2 anos de cadeia como uma pena de prisão perpétua. Hoje, enquanto andava a passear pelas noticias, vi esta noticia do último assalto: uma pastelaria. E daí? Já que eles não usam balas, ao menos que façam bom proveito dos bolinhos.

Esta nossa situação, de termos não só problemas com adolescentes, mas também temos os nossos cidadãos mais idosos a fazerem proezas que julgávamos exclusivas d'”O Santo” ou da “Missão Impossível”! Eles são quadros eléctricos arrombados, eles são prédio escalados, eles são assaltos completos sem uma única pistola! Eles são tudo, tudo, menos um bom sinal. Na verdade não posso censurar estes avozinhos quando dizem que preferem uma vida de crime a ficar em casa, e não estou a falar do lugar comum do “parar é morrer” (a esta hora bem que me apetecia parar, que já estou morto de sono, mas enfim...). Do que estou a falar é do estranho estado das coisas, em que um cidadão que sempre pagou impostos, sempre agiu de acordo com a lei, sempre levou uma vida honesta vê-se muitas vezes, demasiadas vezes, na figura de filho bastardo de um estado pai dos reclusos. Segundo parece, está-se muitas vezes melhor lá dentro do que cá fora. Lá dentro não há as aflições do dia-a-dia cá fora. Há outras, é certo, mas a ideia geral continua certa: quem está cá fora olha para os que estão lá dentro, como um agricultor algarvio para os ingleses de um hotel de luxo, e quem se habituou a estar lá dentro, prefere andar lá dentro que sobreviver cá fora. Talvez isto seja o mais directo resultado das nossas políticas de “nivelar por baixo”, de garantir que todos sejamos iguais ao que estão no fundo da lista, quando se fala de qualidade de vida. E não se trata isto de um problema de ideologias, pois aquelas férteis cabeças, bem adubadas, que pairam na vida politica deste país, tanto praticam isto com base em princípios de direita como de esquerda. É uma questão de prática, mas também é uma questão de vigilância, de não ceder a discursos carregados de ideais mas cuja tradução prática será, invariavelmente, catastrófica para o país.

Continuem então os nossos dignos representantes com a sua prática de nivelamento e não tardará estaremos a ser chamados de little brazil: com as nossas telenovelas, e português mal escrito, e português mal falado, e um orgulho sem fundamento numa nação arrasada, e os seus problemas de crimes na adolescência, e os seus problemas de crimes na meia idade, e a nossa última grande contribuição para a humanidade: os crimes da terceira idade!

15 fevereiro, 2006

Re: As Caricaturas

Voando pela blogosfera, notei que ainda há bastantes focos de incêndio causados pela crise das caricaturas de Maomé. Já na minha última postagem tinha aflorado ligeiramente o meu ponto de vista, mas não pude deixar esta polémica passar ao lado deste blog. Confesso que esta semana o que me estava mesmo a apetecer fazer era escrever sobre o Mestre Agostinho da Silva, mas enfim: dei um passeio pela blogosfera e, tal como quem vai a passar pela rua e sente algo quente e mole debaixo do sapato, também eu me deparei com vários comentários depreciativos da atitude sensata do nosso ministro dos negócios estrangeiros.

Ora, se há algo de que Portugal se pode orgulhar, é de ter sido um país cuja contribuição para a Paz (e aqui eu falo de paz na sua plena definição de concórdia e respeito entre culturas e não a simples ausência de guerra que alguns defendem) tem superado largamente todas as suas contribuições em guerras. Na verdade, à excepção da nossa hospitalidade perante a cimeira dos Açores, Portugal tem tido bastante sensatez na sua política externa. Analisemos, portanto, o paradigma português sob dois pontos de vista: o lado da imprensa e o lado da política.

A imprensa portuguesa, até mesmo o 24 Horas e a TVI, tem tratado esta questão com uma sensatez e uma delicadeza exemplares. Não só não temos publicado as ditas caricaturas como tenho noção que as opiniões do lado europeu e do lado islâmico têm estado em equilíbrio quanto a tempos de exibição e importância dada. Mais do que isso, os nossos veículos informativos não cessam de mencionar também a muitas manifestações pacíficas de muçulmanos em todo o mundo (mesmo em Marrocos, que é um país islâmico). Tal como escreveu a autora do Dedos de Conversa, é agradável viver num país onde os media medem o nível da água antes de começarem a ferver. Isto para não falar que, segundo o que parece ser a política editorial de alguns orgãos informativos, o caso da avozinha que vive num barracão sem luz, nem tecto, nem água, nem nada, é mais digno de ser passado na televisão nacional à hora de jantar que ser alvo de um processo contra o estado por não cumprir com as sua obrigações sociais.

Viremos então as costeletas na brasa e falemos da parte política. Ora, o nosso MNE disse, e passo a citar: “Portugal lamenta e discorda da publicação de desenhos e/ou caricaturas que ofendem as crenças ou a sensibilidade religiosa dos povos muçulmanos”. Dos muçulmanos e de qualquer povo! A Europa, que durante tantos anos proclamou que a nossa liberdade acaba onde começa a dos outros, agora parece querer baixar ao nível intelectual que tinha aquando da Idade Média. A frase que traduz a nossa política em relação a este assunto não é a frase de um país de brandos costumes (como defendem uns quantos amigos do patologista, o qual, já agora, deveria fazer uma certa profilaxia às suas ideias). É antes uma posição tomada por uma entidade que defende radicalmente os ideais de paz e liberdade. Talvez até os nossos jornalistas se tenham apercebido disso.

Pior do que isso, foi a insinuação de um comentário venenoso por parte do embaixador do Irão em Portugal ao dizer que o nosso país teve a melhor reacção europeia ao incidente das caricaturas. Isto é mau? Numa altura em que a Europa se afunda em radicalismos estúpidos e qualquer liberdade de espírito (religiosa ou de pensamento) se afunda no exagero das liberdades de imprensa que são aproveitadas por grupos extremistas no seu amor, quer à polémica, quer aos lucros que a publicação destes escândalos trazem. Numa altura em que é preciso chama as partes ao bom senso, custará assim tanto dizer “quem têm sido os maiores agressores nos últimos tempos? Somos nós! Portanto, cabe-nos a nós a iniciativa e cabe-lhes a eles também dar passos nesse sentido e não utilizarem a violência porque os protestos são legítimos mas há muitas maneiras pacíficas de fazer protesto”? Ou será melhor colocarmos o nosso submarino sucata ao largo de Marrocos, e pedirmos à GNR para ir dar uma volta até Teerão? E já gora, porque não pedir ao nosso amigo patologista para de voluntariar no exército americano para apoiar a invasão do médio oriente?

07 fevereiro, 2006

Vergonha

Nas ultimas semanas têm vindo a público noticias preocupantes do mundo da cibernética. Depois da Yahoo, a Google e a Microsoft decidiram Optar pela expansão das suas cotas no mercado da internet chinesa às custas da primeira forma explícita de censura em locais vitais para a internet.

Ok. A frase acima poderá ser um pouco radical, se considerarmos a infoexclusão como uma forma de censura e que outros países possuem formas de filtrar os conteúdos virtuais a que os seus cidadãos têm acesso. Por isso a atitude destas três empresas que vergaram o conteúdo dos seus portais e motores de busca aos caprichos da censura chinesa acabou por não ter sobre o mundo democrático um impacto à medida de tamanha atrocidade.

Embora ainda não tenha conhecimento sobre o funcionamento da censura no Yahoo, a Google passou a disponibilizar na china uma versão modificada do seu motor de busca, onde é impossível pesquisar coisas como “direitos humanos”, “independência do Tibete” ou simplesmente “liberdade”. Quanto à Microsoft, Os seus MSN spaces foram inicialmente censurados de forma a não publicarem conteúdo que ferisse as susceptibilidades do censor oriental. Assim, blogs no MSN Spaces que contenham expressões sensíveis foram alvo de censura internacional. No entanto, ao fim de poucos meses, alguns desses blogs foram reabertos, mas apenas ao público que a eles aceder fora da china.

Toda esta situação faz-me lembrar da superpotência da Lestásia, referida por George Orwell no livro “1984”. Todos os chineses vêm um mundo filtrado pelos olhos atentos dos seus grandes irmãos. E, pior do que isso, a censura agora começa a afectar todo o ciberespaço, já que não tardará muito até que as autoridades chinesas passem a desejar a eliminação de todo e qualquer site no ciberespaço que possa colocar em causa as certezas de regime tão desumano. Por isso acho estranho tanto acanhamento por parte da mesma sociedade ocidental que defende com unhas e dentes até os insultos que o uso ético da liberdade de imprensa deveria saber evitar.