30 janeiro, 2006

Megalomania Espongiforme

Mais um fim de semana que passou e mais umas quantas bacoradas que ouvimos na comunicação social. Como muito bem se recordam, na semana passada, aqueles que, como eu, apreciam a competência e o rigor, rejubilaram na noite das eleições. Mas logo no dia seguinte regressámos à normalidade das nossas vidas e atentamos para um pequeno debate que se tem desenvolvido ao longo de meses, mas que, por abundância de outros interesses, acabou por ficar escondido nos programas que ninguém vê, e que passam ao domingo à noite, na 2:.

Trata-se do regresso da questão da energia nuclear: se é segura ou não, se devemos construir uma central ou nem por isso, quanto custa, quanto não custa, o que fazer ao lixo, e quem poderia investir nisso. Segundo, parece, nós por cá mantemos nossa firme convicção de não querer por cá essa coisa, pese embora já termos sido um país produtor de urânio. Mas parece, também que já alguém se deu conta que, do modo como vamos tratando as fontes de energia renováveis, nunca mais na nossa vidinha iremos conseguir fazer com que um terço da nossa energia venha de fontes que não o carvão e o petróleo.

- e o que podemos fazer acerca disso? - Perguntou o Zé

- bem, podemos meter praí uma central nuclear e resolvemos isso de uma assentada. - respondeu o Manuel

Ora, falidos como estamos e como vamos estar nos próximos anos, não seria de espantar que o governo tenha recusado a construção de um bicho desses nos próximos tempos. Mas a questão levanta-se: se temos boas condições para o aproveitamento da energia do vento e das ondas? Se com um investimento menor que a Ota e o TGV podíamos ser um dos principais produtores de hidrogénio não poluente? Então porque carga de água iremos nós construir um bicho feio e inestético, que ainda por cima usa como matéria prima um mineral que já não se apanha por cá? E isto para não falar da biomassa, já que a incorporação de uma central deste tipo nas imediações do palácio de S. Bento seria o quanto bastasse para nos colocar como exportador de energia!

Mas ao que parece, a megalomania dos nossos governos, que pensávamos já estar curada desde o tempo d'el rei D. João IV, parece continuar, absorvendo, como uma esponja quaquer gota de sanidade nas nossas politicas.

27 janeiro, 2006

Desconcertante e Tranquilizante

Mais uma passagem pelo JN e reparei no aumento do número de cartões Visa em Portugal. Aliás, não se trata meramente do aumento do número de cartões, mas antes o facto de neste momento haverem mais cartões do que portugueses neste país.


Felizmente, a maioria dos cartões em circulação são de débito e o consumidores que preferem usar o cartão de credito ainda assim saldam quase sempre os valores no vencimento do empréstimo... e por aqui termina a parte tranquilizante! A verdade é que a existência de um cartão Visa na carteira continua a ser um sinal de boa credibilidade financeira que nós, portugueses de boa gema, não dispensamos mostrar ao empregado de balcão. Já quando falamos ao crédito em geral, continuamos a coleccionar famílias cujo pagamento dos créditos superabunda sobre o dinheiro recebido ao fim do mês, ou pelo menos, daquilo que se declara sobre esse tal dinheiro.


E isto para não falar de um deficit orçamental que continua a transparecer nas nossas contas públicas desde há tantos anos.... Ora, supostamente, um país deveria garantir que o ganho dos impostos deveria ser o quanto bastasse para garantir não só o pagamento das despesas correntes do estado, com também para garantir a natural evolução desse serviço em conformidade com a evolução da população. Nisto, ficaria esse tal deficit no orçamento ligado, acima de tudo, a despesas extraordinárias, como seja a construção de infraestruturas, apoio a eventos de interesse público, e todas as demais coisas que, ou viessem fossem do interesse do bem comum, ou pudessem vir a trazer, directa ou indirectamente lucro ao estado. Mas vejamos então o que pode ter acontecido para este desastre, sem pôr em causa a dignidade e sentido de dever público dos nossos digníssimos e responsabilissímos governantes. Por um lado, podemos ter ficado com uma máquina de administração pública mais cara que o serviço que presta, ou então, demasiado grande para a população que temos. Por outro, também é verdade que o investimento público é ainda a maior fatia do dinheiro investido em Portugal, no que se traduz um excessivo peso do estado na economia. E se todo esse investimento não se traduz num aumento das receitas do estado? E se o bem comum não for bem avaliado? E depois querem esses senhores que paguemos impostos a dobrar? E só pelo que comemos e bebemos temos que lhes oferecer um quinto do que conseguimos produzir? E porque não o estado pedir para si próprio um cartãozinho da Visa, e comprar os seus comboios e aviões, e autoestradas e submarinos com Visa, e, como qualquer um de nós, esfalfar-se para poder pagar a conta do cartão quando o fim do mês bate à porta?

Talvez assim resolvessemos alguns dos nossos problemas... Talvez o orçamento de estado devesse aceitar Visa...

25 janeiro, 2006

Noticias, Letónia e o Orçamento Europeu

Não fosse o Jornal de Noticias publicado esta pequena novidade, e ninguém saberia que temos entre nós o Excelentíssimo Senhor Primeiro Ministro da Letónia, o qual – segundo parece – está tão reocupado com as contas do orçamento europeu como nós, ou melhor dizendo, os nossos governantes.


Ora, se nem sempre podemos concordar com os nossos ministros quanto à prática, a verdade é que neste caso, deveríamos estar em sintonia com ele quanto às preocupação. Naturalmente que não estou a falar da sua preocupação em arranjar um sítio bacano para passar férias sem que cá a malta note. Estou a referir-me ao pessadíssimo orçamento europeu: para quem não está muito a par da organização europeia, vamos lá ver se o consigo explicar. Como o leitor deve saber, lá em casa existem dois tipos de pessoas, quem tem a massa e quem a não tem. O que o leitor não deve estar habituado a fazer lá em casa é um plano anual que diz quanto é que cada pessoa que tem massa tem de dar a cada pessoa que não tem massa. Basicamente o orçamento europeu também é assim... não esquecendo, é claro, o cachet dos deputados europeus, dos comissários europeus, das secretárias, dos motoristas, da mulher das limpezas do parlamento e do gabinete dos senhores comissários, de tudo o mais que possa encontrar com a bandeirinha da U.E. hasteada, pintada, timbrada ou colada.


Quanto a nós, Portugal e Letónia, o questão é bem mais simples: como estamos no grupos dos que não têm massa, esperamos pelo orçamento europeu como um puto espera pela surpresa de um ovo kinder. Honestamente, até sabemos que não estamos à espera de um carro telecomandado nem de uma barbie, mas venha de á o que vier, sabemos que nos vai manter entretidos a fazer umas coisas engraçadas por mais algum tempo.

23 janeiro, 2006

Português Suave

Critica! Critica, sarcasmo e jocosidade é o que pode o leitor esperar desde blog. Este blog é um verdadeir calmante, um espaço onde criticar, com bastante ironia e sacrasmo, todas asquelas decisões e falinhas mansas que palmilham a vida pública portuguesa. É o meu prazer pessoal poder dar aos leitores a primeira pedra para que vossas excelências possam deleitar os vossos dedos na escrita jocosa.